terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Swazilândia!!!


Hellooooo!

Para mal dos meus pecados :), o passado fim de semana foi objecto de mais uma movimentação fronteiriça! Desta vez o local escolhido foi o tão famoso Reino da Swazilândia!!!



A Suazilândia, oficialmente o Reino da Suazilândia é um pequeno país da África Austral limitado a leste por Moçambique e em todas as outras direcções pela África do Sul. As suas capitais são Mbabane(administrativa) e Lobamba (legislativa).
Esse pequeno e montanhoso país do sul da África, sem saída para o mar, é uma das poucas monarquias remanescentes no continente. Em seu território predominam os planaltos cobertos por savanas e pastagens. A sociedade, patriarcal e formada por clãs, admite a poligamia (Ah pois é!). A economia basei-se na agropecuária, mas o país não é auto-suficiente na produção de alimentos. A Suazilândia exporta cana-de-açucar e abriga importantes reservas de carvão.
A saúde pública enfrenta uma catástrofe: cerca de 40% da população adulta é portadora do virus da sida, a mais alta taxa de contaminação do mundo. Isto resulta no facto de este reino ter das mais baixas de taxas de esperança de vida, de cerca de 32 anos... e também 70% viver abaixo do limite da pobreza...

Não admira, né??!!?!?!?
Com a poligamia (só masculina, claro!), só o Rei Mswati III, tem neste momento 13 mulheres!!!

Rei Mswati III na foto oficial para a sua recepção por Barack Obama em setembro de 2009

High chieftain: Mswati III rules as an absolute monarch and enjoys lavish parties

Com esta carinha laroca, o Rei faz uma grande festa cada vez que escolhe mais uma mulher! De entre milhares de virgens, como não poderia deixar de ser! :)

Aqui vai uma foto da apresentação das virgens ao Rei (nesta festa ofereceram-se cerca de 50 mil! E ele só pode escolher uma...coitado...):

Pick of the nation: Some of the 50,000 young, half-naked Swazi women at the annual Reed dance where Miss Dube was picked as a wife six years ago

Neste momento são apenas 13 as mulheres dele, isto porque no passado mês de Agosto, a sua 12ª esposa, Nothando Dube de 22 anos e com 2 filhos, foi apanhada com, nada mais, nada menos, que o Ministro das Finanças daquele reino, Ndumiso Mamba!
Aqui vai o trio da alegria:



O casal foi apanhado num quarto de hotel pela segurança do Rei! Existem fotos e tudo na net, mas eu não vou mostrar, já que isto é um blog de respeito!!! :)

Conclusão da história: O infiel do Reino está preso e sujeito a pena de morte, enquanto a sua devotada amante está por agora em prisão domiciliária! Fala-se numa pena de 100 chibatadas para ela em praça pública, mas o Rei ainda não se pronunciou!

E agora, deixando de falar de coisas tristes...a minha visita à Swazi!

Este reino recebeu-nos com uns belos raios a cair do céu! Um cena linda de se ver, mas assustadora para quem estava a tentar entrar na "selva" com um clio!


Mas lá cheguei!

Ficamos no "Wildlife Sanctuary"! Estão a imaginar??? Bichos por todo o lado, máximo contacto com a Mãe Natureza e uma paz que não dá para descrever....

 Esta era a placa que estava colocada na entrada do parque!!! :) MEEEEDOOOOO!!!!!



Os aposentos eram em cabanas!


E aqui vão algumas imagens deste chuvoso, cinzento, mas divertido e aventureiro fim de semana!

O restaurante! Um belíssimo repasto!!!!!!

O tecto da minha cabana!!!

Interior do parque: recepção

A reservar o safari!!!!

Um gnu! Infelizmente excluido do grupo....

O nosso guia, o Stu! A literalmente pinchar em cima da ponte para não arriscar a ficarmos no rio.... :)

Sem palavras....

As zebras: "Más eu sô preta com risca bránca ou bránca com risca préta??!?!?" :)


A minha imagem favorita do fim de semana....

E novamente sem palavras...

A nossa viatura que nos guiou pelo Parque! Um safari molhado!!! :)

Eu e o Stu! Um porreiraço!!!! :) Não tive coragem de lhe perguntar quantas esposas tinha... :)

O pássaro que traduz bem as cores de áfrica! Na verdade é cinzento, mas fica laranja quando está pronto para....acasalar!!! Não há melhor maneira de chamar a atenção das "bitelas"!!!!!! :)

Ora este bichinho era muito feinho...coitado...nem me lembro do nome...mas recebeu-nos bem! :)


E neste momento estou em contagem decrescente para ir ter convosco!!! :) A dois diazinhos apenas de pisar a Invicta!!!!!!!!!! Yuuuuupiiiiiii!!!!!!

Me aguardem!!!!!!!

Beijo enorme para todos!!!!!!!!!!!!!

Alex!

domingo, 28 de novembro de 2010

Carlos Cardoso

Olá a todos!

Hoje não venho falar de mim....mas sim da cidade que tão bem me acolheu e que acho que tem tanto para dar!!!...
Venho falar do mais famoso jornalista de Maputo! Infelizmente já morto, assassinado, mas jamais esquecido pelo povo Moçambicano!
Foi assassinado em 22 de Novembro de 2000...
Esta semana, aniversário da sua morte, tive curiosidade de conhecer melhor o fascínio dos Moçambicanos sobre este homem e o que de bom poderá ter ele trazido a este povo...

O jornalista Carlos Cardoso tinha em suas mãos três armas poderosas, que usava contra  os corruptos, os inimigos da jovem e frágil  democracia de Moçambique, os obscuros líderes do crime organizado e usurpadores em geral! Um raro faro investigativo, uma escrita ferina e directa e um jornal. 






Deixo-vos um texto escrito por ele, em 1985, em que caracteriza o dia-a-dia deste povo nesta cidade:

"Cidade 1985" de Carlos Cardoso

De manhã quando acordo em Maputo
o almoço é uma esperança.
Mãe tenho fome
marido tenho bicha
e mil malárias me disputando a vontade.


De manhã quando acordo em Maputo
o jantar é uma incerteza
o serviço uma militância política
do outro lado do sono incompleto
e o chapa-cem um regulado impiedoso
no quatro barra oitenta sem contra-argumento.


De manhã quando acordo em Maputo
o vizinho já candongou o que me roubou
a estomatologia não tem anestesia
a chuva abriu dialecticamente mais um buraco na estrada
e o conselho executivo continua desdentado de iniciativas.


De manhã quando acordo em Maputo
Porra para a vizinha que estoirou a torneira do rés-do-chão
Porra para o guarda que não ligou a bomba quando veio a água
Porra para os cem gramas de carne apodrecidos
no silêncio desenergético de Komatipoort
mais as ó eme sede de efes
e o soldado que ainda não ouviu dizer que os passeios são lugares públicos
e os fulanizados exploradores de outrora que se preparam para cuspir na tua campa, ó Mataca
às ordens de um Mouzinho boer.


De manhã quando me percorro em Maputo
enfio ominosamente o cérebro numa competentíssima paciência
desembainho felinamente mais uma mentira diplomática
e aguardo que a lucidez companheira me leia nas acácias em sangue
nos jacarandás estalando sob a sola epidérmica do povo
que este é ainda o eco estridente do Chai
até que Botha seja farmeiro e Mandela Presidente.


Então,
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta.


À noite quando me deito em Maputo
não preciso de rezar.
Já sou herói.



E agora, não querendo deixar esta mensagem longa, mas para aqueles que lhes tenha suscitado a mesma curiosidade que eu, deixo-vos um relatório especial elaborado pelo comité para a protecção dos jornalistas, que retrata os acontecimentos da vida e morte de Carlos Cardoso!


Um beijo enorme para todos!

Continuo bem, de boa saúde e com muitas saudades vossas!!! :)

Alexandra

 
Introdução

Em Julho de 2001, uma delegação do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) visitou a capital
de Moçambique, Maputo, para saber mais sobre a morte do jornalista Carlos Cardoso, morto à bala em
Novembro de 2000. A delegação do CPJ era composta por um membro da Direcção, Clarence Page, uma
editorialista do
O que a delegação encontrou de mais importante foi o facto de, oito meses depois do assassinato de
Carlos Cardoso, os jornalistas em Moçambique terem receio de fazer a cobertura de reportagens sensíveis,
especialmente envolvendo corrupção, e que a inadequada investigação do caso Cardoso tinha contribuído
para esse receio. Todos os que foram entrevistados pela delegação do CPJ concordaram que o medo provocado pelo assassinato de Carlos Cardoso tinha levado a uma séria quebra na reportagem de investigação. O CPJ é da opinião que a liberdade de imprensa em Moçambique ficou altamente comprometida com a morte de Carlos Cardoso, e que só uma investigação exaustiva e que explore agressivamente todas as pistas pode 
um lugar no qual tanto os media estatais como independentes têm competido livremente, sem
interferência oficial.
Dois irmãos de uma família proeminente de banqueiros, um dos sócios, e três alegados
pistoleiros estão na cadeia acusados de conspiração no assassinato de Carlos Cardoso. No entanto,
jornalistas moçambicanos, observadores internacionais em Maputo, e outras pessoas que a delegação do CPJ consultou, expressaram sérias reservas acerca da investigação. Muitos realçaram que o relatório do governo está repleto de falhas e de inconsistências e que não tinham sido levados a cabo uma série procedimentos de investigação de rotina, especialmente, parece que os investigadores não examinaram a possibilidade do assassinato de Carlos Cardoso estar ligado, de alguma maneira, a uma das investigações jornalísticas em que estava a trabalhar na época em que foi morto. O CPJ concorda com os críticos locais que exigiram mais investigação.
Várias recomendações específicas no sentido de mais investigação encontram-se em anexo a este
relatório.
Enquanto organização de defesa da liberdade de imprensa a nível mundial, as motivações do CPJ em conduzir este relatório são as de procurar obter justiça para Carlos Cardoso e apoiar os jornalistas moçambicanos que têm estado a trabalhar num clima de medo e de intimidação.
Pensamos que os jornalistas moçambicanos vão continuar a sentir-se inibidos até estarem certos de que justiça foi feita no caso Cardoso.

Chicago Tribune; pelo director-adjunto do CPJ, Joel Simon; pelo coordenador de programas para a Africa, Yves Sorokobi; pelo jornalista sul-africano, Phillip van Niekerk; e pelo jornalista moçambicano Fernando Lima. No decurso da visita, os membros da delegação encontraram-se com dezenas de jornalistas da imprensa escrita e dos audiovisuais—de órgãos estatais e privados,—bem como com funcionários superiores do governo moçambicano. O relatório que se segue baseou-se na informação obtida pela delegação do CPJ durante a sua visita a Moçambique, bem como em subsequentes entrevistas.restaurar a confiança no seio dos jornalistas que se encontram no país. As averiguações foram particularmente desapontantes uma vez que o CPJ e outras organizações para a liberdade de imprensa tinham sido encorajados pelo passado de Moçambique, um país reconhecido por ser
Crónica de um assassinato
Segundo a agência de notícias estatal, AIM, um homem de negócios local, Ayob Abdul Satar, o seu irmão, Momade Abdul Assife Satar, e o antigo gerente bancário, Vicente Ramaya, foram acusados de terem ordenado o assassinato de Carlos Cardoso. Três homens foram acusados de o terem executado: Aníbal António dos Santos Júnior (também conhecido como Anibalzinho), Manuel Fernandes, e Carlitos Rashid Cassamo. Os seis homens são acusados de conspiração em assassinato, assassinato, e tentativa de assassinato de Carlos Manjate, motorista de Carlos Cardoso. Os acusados têm estado todos sob custódia da polícia desde Março de 2001.
No início de Outubro de 2000, Anibalzhino e Rashid começaram a visitar os escritórios do
pagavam os exemplares com notas altas o que causava problemas com o troco mas que dava tempo aos dois homens para examinarem o escritório. Estacionavam, frequentemente, o carro, um Volkswagen Citi Golf vermelho, na frente do jornal. Visitaram, pela última vez, o
Cinco dias depois, na tarde de 22 de Novembro, Carlos Cardoso fechou a edição do dia e enviou por fax o
A três quarteirões da porta do
Metical, uma newsletter publicada por Carlos Cardoso, comprando, todos os dias, números do jornal. Numa das suas primeiras visitas, Anibalzhino perguntou a pessoas que trabalhavam no Metical para indicarem quem era Carlos Cardoso. O pessoal do Metical, mais tarde, recordou que Anibalzhino e Rashid normalmenteMetical no dia 17 de Novembro e,subitamente, deixaram de aparecer.Metical aos mais de 400 assinantes—sobretudo diplomatas, funcionários do governo, e pessoas ligadas aos negócios. Depois, entrou no carro com o motorista e dirigiram-se em grande velocidade a casa na esperança de chegar a tempo de ver um jogo de futebol que passava na televisão. Eram cerca das 6h 30m da tarde, a noite caía, e as ruas de Maputo fervilhavam com o trânsito.Metical, um Volkswagen Citi Golf vermelho e um Volkswagen 1600 sedan com vidros escurecidos bloquearam o carro de Carlos Cardoso. Segundo inúmeras notícias, dois homens armados de espingardas AK-47 saltaram do Citi Golf.
Pulverizaram Carlos Cardoso com balas, matando-o instantaneamente e ferindo gravemente o
motorista.

Como nasceu um jornalista de investigação
Nascido em 1951, numa família de exilados portugueses, Carlos Cardoso foi criado durante a luta armada de Moçambique pela independência do domínio de Portugal. Foi educado na Africa do Sul, irritando o regime de apartheid com a sua franqueza. Nos finais de 1974, a FRELIMO, movimento de guerrilha Marxista, tomou o governo.
Entretanto, as autoridades da Africa do Sul deportaram Carlos Cardoso para Lisboa, onde permaneceu apenas alguns meses, regressando a Moçambique a tempo de testemunhar a declaração oficial de independência da FRELIMO no dia 25 de Julho de 1975. Em 1976, ansioso por participar na construção de nova Africa socialista, Carlos Cardoso entrou para o jornal
Nacional de Moçambique (RENAMO), um movimento de guerrilha originalmente patrocinada por Ian Smith, o líder branco da Rodésia, tendo em vista a sabotagem do governo de maioria negra em Moçambique.
Carlos Cardoso, um aventureiro por natureza, acabou por cair nas boas graças do novo governo, conduzido pelo Presidente Joaquim Chissano. Em 1989, Cardoso demitiu-se da AIM. Três anos mais tarde, com alguns outros que também tinham abandonado os media estatais, funda o
Um artigo no
da imprensa livre em Africa. Em Maio desse ano, Carlos Cardoso e os seus parceiros lançaram também um novo semanário a que chamaram
Em 1997, Carlos Cardoso abandona o
bloco Soviético e o fim da Guerra Fria. A Moçambique nada mais restava do que cortejar as forças vitoriosas do Ocidente. Assim, a FRELIMO converteu-se ao capitalismo. Em 1987, o Presidente Chissano
Tempo, um jornal estatal, mas o seu jornalismo agressivo frequentemente incomodava a liderança da FRELIMO. Em 1979, Carlos Cardoso foi enviado para fazer a cobertura musical para a rádio estatal, Rádio Moçambique, uma despromoção humilhante para o jovem repórter político em ascensão. Em 1980, depois de regressar às boas graças da FRELIMO, foi nomeado editor da agência noticiosa estatal, AIM, o que significou um passo em frente no sentido de uma aproximação do núcleo duro do partido. Em poucas semanas, Carlos Cardoso tornou-se amigo de funcionários superiores do partido, incluindo o então Presidente Samora Machel e continuou a cultivar estas fontes ao longo da sua carreira. Em Outubro de 1986, o Presidente Machel morre num acidente de aviação na Africa do Sul, muitos culparam o regime de apartheid na Africa do Sul, apontando para o facto de que, sob a liderança de Machel, Maputo se tinha tornado um refúgio para os militantes exilados do Congresso Nacional Africano. Na época, a Africa do Sul estava também a apoiar a ResistênciaMediafax. A nova publicação colocou alta a fasquia da reportagem de investigação, publicando artigos sobre tópicos tão diversos como as negociações secretas que conduziram ao fim da guerra civil ou ao problema dos ministérios não conseguirem pagar as contas de electricidade.The New York Times, em Março de 1993, descrevia o Mediafax como a “vanguarda”Savana. Mediafax e lança uma publicação rival chamada Metical. Fiel às suas raízes socialistas, dirigiu o Metical como uma cooperativa, onde editores e auxiliares recebiam o mesmo salário, mas enquanto Cardoso se mantinha fiel aos seus ideais, Moçambique estava a mudar radicalmente. Na década seguinte, a FRELIMO abandonou bastante a economia de planeamento central introduzida aquando da independência, em 1975. Após a morte de Machel, o Presidente Chissano recebeu um país devastado por séculos de poder colonial e destroçado por uma guerra interna contra a RENAMO. Moçambique tinha sido um estado cliente dos Soviéticos desde a independência, mas a subida ao poder de Chissano coincidiu com as reformas da “glaznost” de Mikhail Gorbachev, a que se seguiu o colapso do
aprovou um Programa de Reabilitação Económica do Banco Mundial–FMI e ordenou a privatização
de mais de 1.200 empresas estatais. Em 1992, o governo capitalista, acabado de nascer, criou o Banco Comercial de Moçambique (BCM), uma decisão que haveria de ter consequências fatídicas para a carreira de Carlos Cardoso.

Anos ricos
A rebelião da RENAMO terminou com um acordo de paz assinado em Outubro de 1992, e as primeiras eleições multipartidárias em Moçambique realizaram-se dois anos mais tarde, em 1994. Desde então, a economia começou a atingir impressionantes taxas de crescimento. Moçambique, actualmente, tem uma das economias de mais rápido crescimento do mundo—uma taxa de crescimento de 7 por cento do PIB, em 1996, e, segundo o Banco Mundial, uma taxa de crescimento estimada em 10,4 por cento em 2001. A economia moçambicana ainda é movida pela agricultura, mas o país tem enormes recursos hidroeléctricos, petróleo e gás natural. Na realidade, o país tornou-se numa espécie de bandeira para o FMI e para o Banco Mundial, que atribuem o sucesso económico de Moçambique aos programas de ajustamento estrutural.
Apesar do impressionante crescimento, Carlos Cardoso manteve-se céptico sobre se a revolução capitalista de Moçambique estaria, de facto, a ajudar o empobrecido povo do país, utilizando os seus contactos na velha guarda socialista da FRELIMO para relatar o alastramento da corrupção e os abusos de poder. Carlos Cardoso e outros críticos do governo da FRELIMO acabaram por começar a acusar que a dimensão da economia legal (actualmente cerca de 4 biliões de dólares americanos num país de 19 milhões de pessoas) não poderia responder pelo crescimento fantástico na banca e no imobiliário de Maputo. Suspeitavam que houvesse lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, e outras actividades ilegais. Em 2000, a Agência Americana Anti-Drogas (DEA), que tinha aberto um gabinete na vizinha Africa do Sul, em
1997, para monitorizar o explosivo crescimento da indústria de narcóticos na região, reportou que Moçambique era um dos principais portos de entrada de drogas ilegais oriundas do Sudeste Asiático e, ainda segundo a DEA, a maior parte deste tráfico é, posteriormente, enviado para a Europa.
Cardoso manteve-se simpatizante da FRELIMO até morrer, mas tornou-se cada vez mais desconfiado das políticas do governo que beneficiavam principalmente os ricos. A sua afronta só se intensificava à medida que descobria mais histórias que punham a descoberto como membros de um partido fundado para lutar pelos direitos dos pobres acumulavam enormes fortunas pessoais. Denunciou alguns negócios menos claros e não se retinha em desancar o governo nos seus editoriais.
A partir de 1998, para além do seu trabalho jornalístico, Carlos Cardoso tinha estado activamente envolvido na política local de Maputo enquanto membro do Conselho Municipal. Uma semana antes da sua morte, segundo múltiplas fontes em Moçambique, Cardoso tomou a palavra numa reunião do Conselho e atacou verbalmente o que ele descreveu como a “facção de bandidos” dentro da FRELIMO. Continuou também a escrever artigos no
Metical denunciando figuras de topo da FRELIMO. Todos os que foram ouvidos pela CPJ em Maputo—desde os seus concorrentes até funcionários superiores do governo—foram unânimes no sentido de que Carlos Cardoso tinha sido morto porque era o único jornalista que tinha os contactos, a habilidade, e a tendência para confrontar a elite no poder com provas sobre a sua própria corrupção.

A investigação
Os críticos locais têm acusado a investigação do assassinato de Carlos Cardoso de ter falhado desde o início e a delegação do CPJ acredita que estas críticas têm fundamento. Segundo os
No dia seguinte ao assassinato, o pessoal do
corruptos.” Entretanto, segundo jornalistas em Maputo, publicações pro-governo, como o
negócios moçambicano, de origem indiana, cuja família é proprietária da Unicambios, uma cadeia de casas de câmbio. O delator angolano foi mais tarde libertado e o seu nome nunca foi revelado, a polícia alegou, posteriormente, que o angolano estava “extremamente bêbado” quando proferiu a acusação, não se recordando sequer de ter sido detido.
Carlos Cardoso tinha estado a seguir as actividades da família Satar desde 1996, quando o
 
A pressão pública aumenta
A 21 de Fevereiro de 2001, quase um mês depois de os irmãos Satar terem sido publicamente acusados de serem os cérebros do assassinato de Carlos Cardoso, o
conferência de imprensa não chegou a durar cinco minutos e o Ministro declinou responder a
quaisquer perguntas. “Não se metam a especular,” aconselhou ele aos repórteres presentes. “Deixem-nos trabalhar. Se disserem que estamos silenciosos, é porque estamos a trabalhar.” Cerca de uma semana mais tarde, o semanário pró-governo,
Anibalzhino aos escritórios do
o nome de Fernandes nunca antes tinha aparecido ligado ao crime. O
Metical publicava uma reportagem intitulada “Crónica de uma Não-Investigação,” que desancava a investigação policial, imediatamente após a publicação do artigo, a polícia começou a fazer progressos visíveis na investigação do caso Cardoso. A 1 de Março, o Ministro do Interior, Almerino Manhenje, convidou todos os repórteres de todas redacções de Maputo, à excepção da publicação de Carlos Cardoso, o Metical, para um “briefing” no seu gabinete. O Ministro anunciou que tinham sido efectuadas algumas detenções e que a polícia estava em posse de itens usados directa ou indirectamente no crime. Mas, segundo o relato da agência noticiosa estatal, AIM, aDomingo, revelou os nomes de dois dos detidos: Anibalzhino, também conhecido como Aníbal António dos Santos Júnior, e Manuel Fernandes, que era também um conhecido criminoso local. Um outro suspeito, Carlitos Rashid Cassamo, tinha sido tirado à força de um autocarro por dois jornalistas do Metical e entregue à polícia por volta do dia 10 de Março. Trabalhadores do Metical e o Gabinete do Procurador-geral tinham identificado Rashid como sendo o homem que acompanhavaMetical nas semanas anteriores ao assassinato de Carlos Cardoso;Domingo relatou que Anibalzhino e Fernandes tinham sido deportados da vizinha Suazilândia após terem sido acusados pela polícia daquele país de entrada ilegal. A reportagem do Domingo, publicada logo alguns dias depois da conferência de imprensa do Ministro, entrava em grandes pormenores, apontando Anibalzhino como o líder de um grupo de três pistoleiros que alegadamente teriam assassinado Carlos Cardoso por 25 mil dólares, cada. O Domingo
dizia que o crime tinha sido “encomendado por outros” mas não elaborava e, muito embora o semanário pro-governo não revelasse as suas fontes de informação, o facto de publicar fotocópias dos passaportes dos suspeitos fez com que a imprensa local reclamasse que apenas a polícia o poderia ter feito.

Pontas soltas
A 13 de Março de 2001, umas três semanas após a detenção de Anibalzhino, a polícia prendeu Momade Abdul Satar e Ayob Abdul Satar e acusou-os de terem ordenado o assassinato de Carlos Cardoso. Foi também detido Vincente Ramaya, um antigo gerente de balcão do BCM na capital, que estava implicado no escândalo de 1996 deste Banco. A 29 de Março, segundo os relatos da imprensa local
Anibalzhino, que, por sua vez, tinha sido contratado por Momade Satar. Manuel Fernandes disse à polícia que, no dia em que Carlos Cardoso tinha sido morto, Satar se tinha encontrado com Anibalzhino a cerca de dois quarteirões de distância do local do crime e lhe tinha dado as armas do crime, duas espingardas AK-47, num saco de desporto. Segundo Manuel Fernandes, este encontro teve lugar 30 minutos antes do assassinato. Também apontou Anibalzhino e Carlitos Rashid Cassamo como tendo sido os dois homens que abriram fogo sobre Carlos Cardoso e sobre o motorista. Segundo a imprensa local, Manuel Fernandes não explicou qual o seu papel no ataque, e, mais tarde, tentou retirar a sua confissão alegando que tinha sido coagido pela polícia. Os outros dois alegados pistoleiros, Anibalzhino and Rashid, têm consistentemente negado qualquer envolvimento mas a acusação afirma que existem provas sólidas contra os dois
homens. No Gabinete do Procurador-geral, o acusador do governo, Rafael Sebastiano Santos, disse ao CPJ que, para além da confissão de Manuel Fernandes, uma testemunha ocular, Angelo
Nyerere Mavele, tinha colocado os dois homens no local do crime. O acusador citou Mavele—o
qual, depois, veio a desaparecer—como tendo dito que Momade Satar estava no Citi Golf ver
atiradores, não libertaram nenhuma prova que pudesse implicar os dois outros alegados conspiradores,
o irmão de Momade, Ayob, e o antigo gerente de balcão do BCM, Ramaya. De facto, a única ligação óbvia entre a família Satar e Ramaya é o facto de ambos terem estado implicados no escândalo de 1996 do BCM.
Quase desde o início, funcionários moçambicanos mantiveram a opinião de que o assassinato de Carlos Cardoso estava relacionado com as reportagens que ele fizera sobre o caso BCM, mas a teoria oficial continua em aberto. Vozes críticas apontam que o
 
Terra, dinheiro, política
Desde as detenções dos Satars, de Ramaya, e dos três alegados pistoleiros contratados, as autoridades moçambicanas têm-se recusado a continuar a investigar o assassinato de Carlos Cardoso. As autoridades não prosseguiram o que seria normal que era determinar em que reportagens estava Cardoso a trabalhar na época em que foi morto. A delegação do CPJ soube que Carlos Cardoso, antes de morrer, estava a seguir histórias envolvendo a banca e o desenvolvimento imobiliário, e talvez outros assuntos. Uma das histórias que Cardoso estava a estudar envolvia alegações de corrupção no Banco Austral, um banco local com problemas. A partir de Março de 2000, Carlos Cardoso utilizou documentos obtidos ilegalmente para ajudar a compreender o caso da alegada corrupção no Banco Austral. Durante este período, o
Depois da morte de Carlos Cardoso, o Banco Central tomou o controlo do Banco Austral, cujo deficit crescia cada dia que passava. Um auditor sénior do Banco Central, António Siba-Siba Macuacua, foi nomeado para dirigir o Banco Austral e preparar a respectiva venda, mas Siba-Siba foi assassinado a 11 de Agosto de 2001. O Presidente Chissano declarou que o assassinato de Siba-Siba revelava a força e o
poder do crime organizado em Moçambique. O Presidente acrescentou, segundo o semanário
de Maputo,
 
O “boom” do imobiliário
Pela mesma altura que Carlos Cardoso seguia o caso do Banco Austral, investigava também o “boom” do imobiliário em Maputo. Carlos Cardoso pensava que ambos os escândalos estavam ligados a um padrão mais alargado de lavagem de dinheiro. Um dos negócios de imobiliário que chamara a atenção dele tinha sido assinado em Julho de 1998. O projecto, cuja estimativa de custo era de 50 milhões de dólares americanos, envolvia a construção de 2.000 fogos, de médio e baixo custo, para residência, em terrenos pertencentes à cidade de Maputo. Segundo os relatos de Carlos Cardoso, os principais accionistas eram duas empresas de investimento da Malásia e o grupo de investimento SIR, de Moçambique, que tinha relações próximas com muitos funcionários superiores da FRELIMO.
Para além do seu trabalho de jornalista, Carlos Cardoso foi também membro do
 
Insubstituível
Carlos Cardoso era uma figura única do jornalismo moçambicano. “Era um ponto de referência na nossa sociedade,” declarou, recentemente, o antigo ministro da informação, Ruiz de Cabaco. “E não só pela variedade de assuntos que tratou, mas também pela criatividade e pela força da sua argumentação. Os que o mataram, mataram também o sentimento de independência da imprensa.”
A delegação do CPJ percebeu que o impacto do trabalho de Carlos Cardoso, no entanto, foi muito além das redacções de Maputo. Moçambique, com a sua impressionante taxa de crescimento, é uma das poucas histórias de sucesso do FMI e do Banco Mundial. Os funcionários destas instituições mostravam Moçambique como um exemplo aos outros países que sofriam com o reajustamento estrutural. Carlos Cardoso forçou Moçambique a considerar a possibilidade de o seu crescimento estar a ser conduzido não por uma política económica sólida, mas pelo tráfico de drogas e pela lavagem de dinheiro e que os benefícios do crescimento estavam, em grande parte, limitados a uma pequeníssima elite.
O debate sobre o futuro de Moçambique está a aquecer com a aproximação das eleições presidenciais, marcadas para 2004. O Presidente Chissano disse, em Maio, que não se recandidataria e, muito embora agora diga estar a reconsiderar, a sua aparente decisão de abandonar o poder abriu uma luta acesa pelo poder no seio da FRELIMO entre os “modernistas,” que apoiam o programa de liberalização económica, e os “tradicionalistas,” que reclamam que o partido se afastou demasiado das suas raízes socialistas. Membros das duas facções têm sido acusados de corrupção. Mas num tempo em que os moçambicanos precisam desesperadamente de informação sobre o seu governo e sobre a sua sociedade, os jornalistas locais têm receio de publicar o que sabem.

Epílogo
Segundo a Agência Noticiosa, AIM, ainda não foram marcados os julgamentos de nenhum dos suspeitos da morte de Carlos Cardoso,. mas a AIM noticiou, a 29 de Abril de 2002, que o Supremo Tribunal de Moçambique confirmou a decisão do ano passado de um magistrado de investigação de que há prova suficiente para os levar a tribunal. O
um dos mais próximos colaboradores de Cardoso e repórter principal do
Mosse. O filho do Presidente reclama uma compensação no valor de 80.000 dólares devido a
um artigo publicado no
Outros órgãos de informação reportaram que Nympine tinha sido preso por contrabando de droga; o
 
Recomendações
O CPJ solicita que o governo de Moçambique tome as seguintes medidas para assegurar que a investigação do assassinato de Carlos Cardoso continue a progredir:
"
A polícia e os acusadores têm de fazer o necessário para localizar Angelo Nyerere Mavele, a única testemunha ocular do crime. A polícia reconheceu ter entrevistado Mavele após o crime mas, desde então, não conseguiu localizá-lo.
"
A polícia e a acusação deveriam também conduzir uma investigação completa à conduta da polícia no local do crime, examinando, especificamente, o porquê da polícia ter falhado em selar o local do crime.
"
Os investigadores deveriam tentar determinar a natureza das investigações que Carlos Cardoso estava a levar a cabo na altura da sua morte e deveria interrogar todas as pessoas que poderiam estar envolvidas ou virem a ser afectadas pelas reportagens de Cardoso. Sabe-se que Carlos Cardoso estava a conduzir uma investigação quanto ao Banco Austral e uma outra relacionada com o imobiliário, podendo também haver outras.
"
O CPJ é de opinião que o processo contra o
difamação nunca deveria ser uma ofensa criminal. Em vez de apoiar o processo do filho, como
o Presidente Chissano fez no encontro com os jornalistas moçambicanos, em Março de 2001, o
Presidente deveria condená-lo.
Quanto a um outro assunto, muito embora relacionado, o CPJ apela a Nympine Chissano (nb: actualmente morto, por razões desconhecidas...), filho do Presidente Chissano, para retirar o processo criminal de difamação contra o editor do Metical, Marcelo Mosse. O assassinato de Carlos Cardoso, a que se juntou o processo criminal, conseguiu encerrar o Metical, o que é uma grande perda para todos os moçambicanos.Metical não tem mérito e que, em qualquer caso, a 
Metical nunca recuperou da morte de Carlos Cardoso. Em Fevereiro de 2001, Nympine Chissano, filho do Presidente Chissano, pôs um processo criminal por difamação contraMetical, MarceloMetical, a 21 de Fevereiro, alegando que ele tinha sido detido por pouco tempo na Africa do Sul por volta de 15 de Fevereiro.Metical não o fez. Nympine, contudo, só processou o Metical, que o havia perseguido com persistência devido aos seus alegados negócios corruptos. Segundo várias fontes em Maputo, o próprio Presidente Chissano colocou-se ao lado do filho contra Marcelo Mosse e o Metical. Em Março, o Presidente convidou vários editores locais para uma reunião.
Conselho Municipal de Maputo, órgão que supervisiona a administração pública na capital. Uns meses antes da sua morte, Carlos Cardoso fez várias intervenções no Conselho criticando os efeitos do assustador “boom” do imobiliário em Maputo sobre a pobreza na capital, fazendo também perguntas (dirigidas ao seu colega do Conselho, Octávio Muthemba, entre outros) sobre diversos e grandes projectos de imobiliário, incluindo alguns que, alegadamente, tinham prosseguido sem autorização do Conselho.
Metical também publicou vários artigos ligando os escândalos do BCM e do Banco Austral a um maior padrão de corrupção indiscriminada no governo. Carlos Cardoso, no seu último artigo publicado, especulava que o dinheiro da droga estava a ser lavado através do BCM e do Banco Austral com cumplicidade oficial.Savana, que não confiava na “imparcialidade e integridade da polícia moçambicana,”.
, o Gabinete do Promotor Público anunciou que Manuel Fernandes, um dos três detidos, tinha confessado o crime. De acordo com a confissão de Manuel Fernandes, tinha sido contratado para matar Carlos Cardoso pormelho com os pistoleiros, o acusador afirmou ainda dispor de provas que apoiavam esta argumentação mas recusou-se a dar mais pormenores. Enquanto a acusação declara que tem um caso sólido contra Momade Satar e os doisMetical nem sequer despoletou a história do BCM, e que, em qualquer caso, na altura do assassinato de Cardoso, já tinha deixado de ser notícia.
relatos publicados, os agentes da polícia não tentaram sequer selar o local do crime, não tiraram medidas nem fotografaram o local, os agentes entrevistaram apenas uma testemunha ocular, Angelo Nyerere Mavele, que acabou por desaparecer sem deixar rasto. Os relatos publicados descrevem uma cena caótica na qual um civil que ia a passar pegou no carro de Carlos Cardoso e o conduziu, ainda com o corpo do jornalista lá dentro, desde o local do crime até à esquadra da polícia. A polícia moçambicana não deu explicações públicas sobre a razão por que não conseguiram selar o local do crime.Metical ofereceu-se, segundo disseram ao serem entrevistados pelo CPJ, para fornecer testemunhos escritos aos agentes da polícia da Quinta Esquadra de Maputo. Um porta-voz do Comando da Polícia de Maputo, Abilio Quive, disse à Televisão Moçambicana que uma equipa especial de detectives e de operacionais secretos iriam trabalhar “24 horas por dia” no caso Cardoso, no entanto, a polícia, até meados de Dezembro, segundo o pessoal do Metical, ainda não tinha interrogado os empregados do jornal. Os órgãos de imprensa de Maputo, inicialmente, seguiram passo a passo o trabalho dos investigadores. O semanário privado, Savana, queixava-se que os moçambicanos estavam “fartos de crimes sem criminosos, roubos sem ladrões, assassinatos sem assassinos, corrupção semNoticias e o Domingo, tornaram-se veículos para fugas de informação da polícia. Declarações contraditórias provenientes das autoridades contribuíram para destruir ainda mais a confiança pública. A 18 de Janeiro de 2001, segundo publicado no semanário Mediafax de 22 de Janeiro de 2001, sem qualquer explicação, o Comando da Polícia de Maputo suspendeu abruptamente toda a equipa policial que tinha estado a investigar o caso Cardoso. Num encontro com a delegação do CPJ, o Procurador-geral adjunto, General Rafael Sebastiano Santos, disse que a polícia tinha sido demitida mas colocada noutros casos, no fim da investigação, um processo que ele descreveu como procedimento normal. Em meados de Janeiro, o Mediafax citou um agente de informações como tendo revelado que um cidadão angolano não identificado estava detido na prisão de alta segurança de Maputo em ligação com o assassinato de Carlos Cardoso. O Mediafax contava que a polícia tinha detido o angolano num bar de Maputo depois de ele, embriagado, ter acusado “um indiano de uma casa de câmbios” de ter ordenado o crime. As suspeitas da polícia, segundo relatos da imprensa local e internacional, recaíram imediatamente sobre Ayob Abdul Satar, um homem deMetical fez a cobertura de uma investigação a um esquema de lavagem de dinheiro no valor de 14 milhões de dólares no Banco Comercial de Moçambique (BCM). O Governo moçambicano acusou de envolvimento neste esquema a família Satar e Vincente Ramaya, um funcionário do BCM. Quando o esquema veio a público, dois membros da família Satar fugiram para o Dubai, nos Emiratos Árabes Unidos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Movimentações fronteiriças!!!! Visto, a quanto obrigas!!! :)

Hoje vou-vos dar uma noção legal do que é movimentação fronteiriça em África! Sim, ao contrário da livre circulação de pessoas, bens e serviços existentes na nossa querida Europa, aqui as escapadelas para o estrangeiro "piam fino"!!!

Como ainda não tenho o meu designado "DIRE", que se trata do visto de residência, tenho apenas um visto, válido por 6 meses, com entradas multiplas!!! Isto significa, que enquanto não tenho a minha residência em Maputo, e por forma a não deixar expirar o visto, tenho de efectuar movimentos fronteiriços mensais....que basicamente significa PASSEIOOOOO!!!! :)

Este fim de semana fui com o meu caro colega Óscar, também na mesma "fatídica e triste" situação que eu..., a África do Sul! Junto ao kruger! Dado os horários e o pouco tempo de que dispunhamos, não nos foi possível fazer nenhum safari, mas o lodge onde ficamos hospedados tinha animaizinhos com fartura e ficava na "África profunda"!!!!

Foi um fim de semana relaxante, cultural e assustador!!!! Assustador pois vocês sabem que não sou muito dada aos "bichos", designadamente os rastejantes e os voadores!!! :)

Fora isso, tivemos companhias agradáveis pelo caminho, como girafas, zebras, gazelas, ... e algumas aranhas...

Antes do regresso a Maputo, decidimos visitar o Museu de Samora Machel! Embora fosse moçambicano, foi em África do Sul que o trágico acidente da sua morte ocorreu... E foi exactamente nesse local que construiram um memorial a essa tão vincada figura Moçambicana, que tanto lutou pela indepência do seu país!
Podem-se ver lá os destroços do avião, notícias do acidente e vários objectos pessoais dele, bem como das outras vítimas do acidente! Morreu com 53 anos!

Deixo-vos aqui umas fotos, para vocês compreenderem a dureza disto e acima de tudo, para que saibam que valerá a pena uma visita a este continente, que tem tanto...tanto para dar!!!!

Saudades....

Alexandra













quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Grande Porto!!! :)

Hoje é feriado em Maputo! Um belo descanso a meio da semana para recuperar forças! Maningue nice!!!
Como vocês sabem, para além de uma tripeira de gema, sou também uma adepta portista fervorosa que, apesar de já não ser muito "praticante" presencialmente no nosso dragão, não perco uma oportunidade de ver o nosso Portinho!!
Pois bem, no passado domingo foi dia do grande derby PORTO-BENFICA, acontecimento que não poderia perder! É muito complicado de conseguir ver os jogos do Porto aqui em Maputo, porque é toda a gente benfiquista!!! Mas para este não houve qualquer problema!

Fui assistir a uma famosa instituição moçambicana: Núcleo Sportinguista de Moçambique!!! Imaginem! Uma bela jantarada de arroz de camarão, bacalhau e garoupa...delicioso!! Portistas de um lado da mesa, benfiquistas em frente e os sportinguistas no centro a moderar!
Foi fantástico! E a alegria de festejar 5 golos, compensou todos aqueles que tenho perdido aqui em Maputo!

Dado o acontecimento memorável, até a comunicação social estava presente e qual não foi o meu espanto, quando verifiquei que apareci em horário nobre da RTP África, no programa de informação Reporter África, aos pulos a festejar o nosso 3º golo!
Aqui vai o link:

http://tv2.rtp.pt/multimedia/progVideo.php?tvprog=10184&idpod=47118
Apareço no início no resumo das notícias e depois ao minuto 33 começa a reportagem!
O João Trincheiras, sportinguista, é o responsável da contabilidade da Ernst e também presidente do Nucleo Sportinguista! Um português rendido a Moçambique!


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Americanices"

Não se entende muito o porquê da influência da língua inglesa em Moçambique…. A verdade é que para além das línguas preponderantes em Moçambique, que é o Português e os dialectos XiRonga e o Xangana, o Inglês está na boca dos Moçambicanos!!!

Para além do básico “Yeah” (Sim) e do “Tanqs” (obrigado), temos variadíssimas expressões inglesadas que passo a exemplificar (com o correspondente sotaque) :

Vista de mar – Water frónt
Estofos em pele – Estofos em léder
Tecto de abrir ou tejadilho – Sun ruf
Trabalhar – Jobar (escandalosamente extraído de Job)
Muito bom – Maningue naice (maningue do Xangana e nice do inglês)
Doente - Incomodado (apesar de não ser inglês é uma pérola!)

Vou ver se na minha estadia aqui consigo tirar um curso de Xananga! É engraçado! E dá jeito para perceberem se estão a falar mal de vocês ou não!

PS: Os erros ortográficos ingleses, foram propositados…. :)

Os Chapas

Os “chapas” são pequenas carrinhas género “hiace”, que têm a mesma função dos nossos autocarros! Embora a prestação do serviço seja igual, as diferenças são notáveis! Têm aspecto de ter pelo menos 100 anos e as suas dimensões são muuuuuuito reduzidas!
Os condutores dos chapas são os mais “assassinos” na estrada! Foi dos primeiros avisos que me deram: “Nunca te atravesses à frente de um chapa…”! E de facto é verdade! A uma velocidade imensa, lá andam os chapas carregados de pessoas, que se dirigem essencialmente para os arredores de Maputo, principalmente para a Matola (cidade mais próxima já com alguma dimensão). Tão apinhados, que não se consegue sequer imaginar uma corrente de ar a passar no meio daquela gente toda!!! Verdadeiramente sufocante!!! Digamos que a capacidade de lugares sentados deve ser 20 pessoas e devem chegar a andar cerca de 60!!!
Achei particular piada, a um chapa que passou por mim, e seguia para Benfica! Sim, é verdade! Também temos aqui uma localidade designada por Benfica ! A Benfas cá do sítio!!!
Então o chapa tinha escrito do lado a localidade para onde se dirigia: Benfica e logo abaixo tinha a seguinte inscrição: Leva ao Distino!!! Tive pena de não estar com a máquina fotográfica em punho!!!
 


A feira do Pau

No meu primeiro fim de semana em Maputo, fui visitar o seu mais famoso mercado: a feira do Pau! Esta feira acontece todos os sábados de manhã!
A feira é montada numa das avenidas da baixa de Maputo! Os vários vendedores vão-se espalhando pela rua, montando as suas bancas.
Aqui confluem grande parte das dezenas de vendedores de artesanato que durante a semana assentam arraias em algumas esquinas ou junto dos principais hotéis.
Tal como o nome indica, os artigos mais predominantes são os artigos feitos de madeira tais como aquelas estatuetas ou máscaras que conhecemos à venda em Portugal. Mas existe uma imensa variedade de artigos feitos desta matéria-prima, com os quais podemos verdadeiramente rechear uma casa.
Outros artigos sonantes neste mercado são as capolanas, os batiques e os quadros.
As capolanas são tecidos com os mais diversos padrões e cores de África. Verdadeiramente inspiradores! Nenhuma mulher moçambicana que se preze não anda com uma!
À semelhança da madeira, também o artesanato das capolanas é diversificado. Desde calças, vestidos, toalhas de mesa, carteiras, bolsas, etc.
Difícil é de controlar os vendedores.... É o assédio completo aos visitantes da feira!



"Dáma! Dáma! Pode comprar!!!!"